sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Identidade - a expressão de si no mundo

A Educação Biocêntrica entende a pessoa como um ser dotado de múltiplas inteligências e as desenvolve através da vivência. Sua proposta é enfocada no desenvolvimento cognitivo e das múltiplas inteligências com base na vivência afetiva e criativa, resultando em um ser mais integrado consigo, com o outro e com o meio, numa identidade fortalecida que adota um estilo de vida saudável preparada para viver em harmonia com o meio.

A percepção do "si mesmo", do sentimento de vida, conforme GÓIS expressou em Cavalcante (2001:11-32), se dá a partir do "sentir-se vivo", corporeidade vivida, base que fortalece e revela a identidade surgida como singularidade, como autopoiese particular da autopoiese cósmica.

Ainda para Góis, a identidade se estabelece quando o indivíduo consegue sentir-se como "centro de percepção de si e do mundo, sentimento este que é corporal, comovedor e conectado a tudo o mais" (2002: 56). E conclui:

O ponto de partida estruturador da identidade é o sentir-se vivo, instante de presença e transmutação da corporeidade vivida em mais presença e mais vínculo com o mundo, fazendo-se, desse modo, corporeidade amorosa, fortalecendo e permitindo a revelação da identidade como algo único e conectado a tudo o mais. Identidade como expressão de uma totalidade e não de partes de si mesmo, só possível de se realizar na imediaticidade do viver, portanto na vivência e não na consciência. O ser humano é incapaz de compreender a identidade (ou o si-mesmo no mundo), mas é capaz de senti-la, intuí-la e viver a liberdade nela presente, principalmente na forma de movimento, expressão, dança e linguagem (Góis, 2002: 56).

A identidade é estruturada através da vivência, cuja expressão saudável é o que buscam dinamizar a Biodança e a Educação Biocêntrica, por meio de exercícios específicos, utilizando, para tanto, a música, o movimento e a emoção.

A permeabilidade e a pulsação são duas características essenciais à identidade que proporcionam a capacidade de crescimento humano, a partir da presença do outro.

A permeabilidade é a capacidade da identidade de interagir com o outro e com o meio, absorvendo ou influindo.

A pulsação permite à pessoa variar entre sentimentos de identidade, de consciência corporal e estados regressivos que proporcionam a diminuição da percepção dos limites corporais e levam ao estado de transe.

Segundo Toro (2002), uma identidade integrada é aquela que apresenta um conjunto de processos que põe em correlação as partes com o todo, de modo a manter a unidade da pessoa e buscando aumentar sua estabilidade dinâmica, portanto, na visão ainda desse autor, um organismo são é aquele que acolhe os eco-fatores que reforçam sua unidade e rejeita os que o colocam em perigo. É importante que sejam aumentados os eco-fatores que reforçam a estabilidade intrínseca do organismo como um todo. Uma pessoa saudável, para Toro, deve apresentar essencialmente:

- ausência de agressão gratuita;

- capacidade de estabelecer um limite às agressões externas;

- capacidade de fuga frente a uma força superior (instinto de sobrevivência);

- capacidade de intimidade;

- estabilidade frente às dificuldades;

- ausência de espírito de competição;

- ausência de autoritarismo;

- alto nível de vitalidade;

- capacidade criativa;

- percepção de si mesmo como criatura portadora de um valor intrínseco;

- percepção do semelhante como único, diverso e portador de um valor intrínseco;

- motricidade caracterizada por equilíbrio, vigor e sinergia (2002: 103)

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Fonte: SAMPAIO, Irene Nousiainen. Organização Biocêntrica - emergência de um novo paradigma na administração. Fortaleza, 2005. 116 p. Monografia (Especialização em Educação Biocêntrica - A Pedagogia do Encontro) – Universidade Estadual do Ceará.

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