A Educação Biocêntrica voltada para a Organização

Uma síntese da sistematização da Educação Biocêntrica apresentada por Cavalcante (2001: 53) está a seguir adaptada pela autora deste trabalho para o ambiente organizacional:

Papel da Organização Biocêntrica

- despertar no ser a conexão com a vida, ampliando a consciência ecológica;

- reeducar para a vida, cultivando a afetividade e propiciando o fortalecimento do vínculo saudável;

- assumir o compromisso com a vida: solidariedade como uma nova visão ético-política;

- facilitar e promover a expressão criativa;

- fortalecer a identidade: autonomia para o exercício da cidadania;

- propiciar a aprendizagem dialógica, reflexiva e vivencial;

- utilizar tecnologia e instrumentais técnicos sempre em favor da vida.

Princípios norteadores da cultura biocêntrica na organização

- construção das relações orientadas pelo princípio biocêntrico (que transcende o princípio antropocêntrico);

- recorrência a diferentes saberes a serviço das funções primordiais da vida;

- apropriação da tecnologia em benefício da vida;

- corporeidade vivida – a memória saudável do corpo;

- utilização da arte em interconectividade com a ciência;

- percepção ampliada por meio da consciência ecológica;

- reconhecimento e expressão das emoções legítimas;

- incentivo à autonomia;

- cultivo da afetividade;

- expansão da consciência moral e ética para a conservação da vida;

- descoberta progressiva do outro na interconectividade dos sistemas;

- respeito à diversidade – a singularidade de cada pessoa;

- fortalecimento da espiritualidade orientada pelo amor.

Método para formação de uma organização biocêntrica

- construção do conhecimento mediada pelo diálogo a serviço da vida;

- o amor como fonte de religação com a vida.

- estímulo à aprendizagem autodescoberta;

- resgate e fortalecimento das mais altas aspirações do ser humano em busca de um propósito comum para a formação da organização;

- identidade fortalecida por meio de vivências integradoras das emoções legítimas, realizadas com grupos de pessoas envolvidas nos processos organizacionais e facilitadas pela tríade: música, movimento e emoção;

- facilitação da expressão dos potenciais criativos na relação dinâmica entre a arte e a ciência para dinamização da criatividade;

- vinculação de ações com o meio ambiente;

- cultivo dos rituais de vínculo: consigo mesmo, com o outro, com a organização, com a totalidade;

- despertar o espírito de solidariedade e convivência amorosa e alegre;

- cooperação como processo essencial na socialização organizacional;

- construção organizacional realizada por meio da interação vivência-reflexão e da autopoiese;

- adoção do princípio da progressividade.

Relacionamento organizacional interno e externo

- interação orientada pela consciência ética;

- relação horizontal, circular e transdimensional;

- relação dialógica e amorosa;

- cooperação afetiva e aprendizagem mútua;

- relação empática, alteritária e cultivo do vínculo saudável.

Pressupostos de uma Organização Biocêntrica

- propósito (missão, valores, visão, objetivos, metas e ações) a partir do princípio biocêntrico: prática orientada pela consciência ética para a evolução da vida em todas as dimensões;

- dinamização da expressão da Identidade (revelação do Ser – diferenciação e integração): iluminação da presença, reconhecendo-se como sujeito da organização; reconhecimento e aceitação da singularidade de si e do outro – unidade de diversidades;

- compreensão da neguentropia como ação geradora saudável de oportunidades;

- processo de aprendizagem, de reaprendizagem e de ressignificação fortalecido em grupo na consistência afetiva: aprendizagem com a diversidade – interação neguentrópica –, cultivada pela dimensão alteritária e altruística;

- cultivo das energias criadoras, organizadoras e conservadoras de movimento-vida: construção da organização por meio de ações voltadas para a manutenção saudável da vida de todos na organização e dela mesma;

- corporeificação do vínculo afetivo enquanto dimensão impulsionadora saudável das estruturas cognitivas e relacionais na organização; a vivência afetiva como ponto de partida auto-reguladora no processo de ressignificação e de implementação de ações reforçada pelo prazer, ou seja, a vivência como caminho harmonizador gerando comportamentos, relações e ações saudáveis e criativas;

- ter por essência a dinamização dos canais de expressão dos potenciais genéticos (linhas de vivência: vitalidade, sexualidade, criatividade, afetividade e transcendência) da pessoa para sua expressão integrada e saudável contribuindo para um clima organizacional saudável;

- levar em consideração a multidimensionalidade física, biológica, mental, psicológica, política, espiritual e sócio-cultural das pessoas no processo integrativo de construção da organização, como ponto de partida para a revelação do Ser e conseqüente melhoria dos vínculos;

- compreensão do corpo enquanto movimento: ritmo, melodia e harmonia - dinâmica da vida pronunciada pelo corpo em sua conexão frequencial com o meio organizacional;

- o desenvolvimento da realidade – objetivada e subjetivada –, orientado pela relatividade e complexidade: reconhecimento da ação local com diferentes conexões como fonte constitutiva da percepção pessoal da realidade vivida na organização;

- o princípio neguentrópico de amor e iluminação com uso da auto-regulação, autonomia e auto-evolução, tendo a autopoiese como fonte reguladora da evolução natural.

Fonte:
SAMPAIO, Irene Nousiainen. Organização Biocêntrica - emergência de um novo paradigma na administração. Fortaleza, 2005. 116 p. Monografia (Especialização em Educação Biocêntrica - A Pedagogia do Encontro) – Universidade Estadual do Ceará.