terça-feira, 11 de novembro de 2008

RELATÓRIO PLANETA VIVO 2008 - WWF

Reprodução do Sumário para imprensa do Relatório Planeta Vivo 2008 elaborado pela WWF.
É alarmante. É importante. Urgem mudanças rápidas!

RELATÓRIO PLANETA VIVO 2008
Sumário para a imprensa

O relatório Planeta Vivo da Rede WWF tem sido publicado a cada dois anos desde 1998 e visa mostrar como estão os recursos naturais e o impacto exercido por atividades humanas.

O relatório apresenta o Índice Planeta Vivo (IPV), uma série de comparações entre a Pegada Ecológica, feita pela Rede da Pegada Global (Global Footprint Network – GFN), e a biocapacidade disponível em níveis global, nacional e local. Pela primeira vez, o documento mede também a Pegada Ecológica Hídrica.

O Índice Planeta Vivo é compilado pela Sociedade Zoológica de Londres (ZSL) e utiliza números relativos a vertebrados (peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos de todo o mundo) como um indicador do situação da natureza.

A biocapacidade é a quantidade de área biologicamente produtiva – zona de cultivo, pasto, floresta e pesca – disponível para atender às necessidades dos seres humanos.

A recente crise financeira mundial constitui um alerta grave para as conseqüências de se viver com padrões de consumo insustentáveis. Mas a atual crise financeira torna-se menor se comparada à ameaça da quebra do crédito ecológico, que ocorre quando a demanda por recursos naturais (Pegada Ecológica) é maior que a biocapacidade do planeta ou de um país.

Não importa se moramos em uma floresta ou em uma grande cidade, os meios que temos para ganhar a vida e até mesmo nossas próprias vidas dependem dos serviços fornecidos pelos sistemas naturais da Terra.

O relatório Planeta Vivo 2008 revela que consumimos de forma excessiva os recursos naturais - que são a base dos serviços ambientais - , e o fazemos mais rapidamente do que eles podem ser repostos. Assim como a gastança imprudente ocasionou a atual crise econômica, o consumo imprudente está exaurindo o capital natural do mundo e coloca em risco nossa prosperidade futura.

Índice Planeta Vivo
O Índice Planeta Vivo Global (IPV) – uma medida derivada de estudos de longo prazo sobre quase 5.000 populações de 1.686 espécies – mostra que o número de vertebrados diminuiu quase 30% ao longo de 35 anos, no período de 1970 a 2005.

Isto é apenas a introdução, mas é suficientemente alarmante. Um olhar mais detalhado na média, que é o índice global, revela em cores mais vivas onde estão ocorrendo as perdas.

O IPV das Áreas Temperadas subiu 6% no período de 1970-2005, enquanto o IPV das Áreas Tropicais sofreu uma redução de 51%.

O IPV das Espécies Terrestres perdeu 33% no geral, o IPV da Água Doce caiu 35% e o IPV Marinho diminuiu em14%.

O IPV das Florestas Tropicais teve uma queda de 62%, o IPV das Terras Secas caiu em 44% e o IPV dos Campos e Pastagens diminuiu 36%. O IPV das Aves foi reduzido em 20% e o dos Mamíferos em 19%.

Essas perdas expressivas da nossa riqueza natural são causadas pelo desmatamento e conversão de florestas em lavouras e pastagens nas áreas tropicais, impacto das barragens e desvios de água, aumento do número de cabeças de gado, poluição, sobrepesca e pesca predatória. Os impactos das mudanças climáticas também estão adquirindo importância, pois as temperaturas mais elevadas dos mares e a redução das chuvas e do fluxo nos cursos d’água afetam muitas espécies.

Pegada da humanidade e capacidade da Terra
Nossa pegada ecológica global excede, hoje, em cerca de 30% a capacidade de regeneração do mundo. Se nossa demanda continuar nesse mesmo ritmo, em meados de 2030 precisaremos de dois planetas para manter nosso estilo de vida. O relatório deste ano registrou, pela primeira vez, o impacto de nosso consumo sobre os recursos hídricos do planeta e nossa vulnerabilidade à escassez de água em muitas regiões.

Essas tendências gerais têm conseqüências bem concretas e nós já as vimos ao longo deste ano nas manchetes dos jornais. Os preços mundiais dos produtos agrícolas tiveram aumentos recordes, em grande parte devido à crescente demanda por alimento, ração animal e biocombustíveis, e, em alguns casos, também pelos estoques minguantes de água doce.

Pela primeira vez na história, a calota de gelo polar no Ártico ficou rodeada de água, ou seja, o gelo está literalmente desaparecendo em uma velocidade surpreendente devido ao impacto da nossa Pegada de carbono, que resulta no aquecimento global.

As emissões de carbono ocasionadas pelo uso de combustíveis fósseis e as mudanças no uso do solo constituam o maior componente da Pegada da humanidade, o que realça a principal ameaça ao nosso planeta: as mudanças climáticas. Pegada Ecológica é a área necessária para produzir os recursos que utilizamos e para absorver as emissões de carbono, expressa em hectares (média)
de terra ou mar produtivo no mundo. A análise geral feita pela GFN da Pegada Ecológica mostra que a área necessária chegou a 2,7 hectares globais por pessoa.

A área disponível hoje, per capita, é de 2,1 ha.

As cinco maiores Pegadas per capita nacionais são dos Emirados Árabes, Estados Unidos, Kuwait, Dinamarca e Austrália. As cinco menores pertencem a Maláui (país no leste da África), Afeganistão, Haiti, Congo e Bangladesh.

A biocapacidade está distribuída de forma desigual. Oito países – Estados Unidos, Brasil, Rússia, China, Índia, Canadá, Argentina e Austrália – possuem mais do que a metade do total da biocapacidade mundial.

Os padrões de crescimento populacional e de consumo fazem com que três desses países sejam devedores ecológicos por terem uma pegada superior a sua biocapacidade nacional, ou seja, a demanda por recursos naturais e os resíduos lançados é maior do que podem oferecer e absorver.

São eles: Estados Unidos (pegada 1,8 vezes maior do que sua biocapacidade nacional), China (2,3 vezes) e Índia ( 2,2 vezes). Em termos regionais, somente os países europeus fora da União Européia e os países da África, da América Latina e Caribe permanecem dentro dos limites de sua biocapacidade.

O desmoronamento do crédito ecológico é um desafio mundial. O relatório Planeta Vivo 2008 nos diz que mais de 75% da população mundial vive em nações que são devedoras ecológicas, pois seu nível de consumo nacional superou a biocapacidade do país. Assim sendo, a maioria dessas nações está sustentando seu atual estilo de vida e crescimento econômico por meio da retirada cada vez maior do capital ecológico de outras partes do mundo.

Os EUA e a China possuem as maiores pegadas nacionais, cada um totalizando cerca de 21% da biocapacidade global. Mas cada um dos cidadãos dos Estados Unidos demanda uma média de 9,4 ha (ou quase 4,5 planetas se a população mundial tivesse os mesmos padrões de consumo deles), enquanto os cidadãos da China usam uma média de 2,1 ha do mundo por pessoa (um planeta).

Isto é um contraste se comparado com o Congo, que tem a sétima mais alta biocapacidade por pessoa, com 13,9 ha do mundo por pessoa, e uma pegada média de apenas 0,5 ha do mundo por pessoa. Mas o Congo enfrenta uma perspectiva de ter sua biocapacidade degradada devido ao desmatamento e ao aumento de demanda de uma população em crescimento e das pressões de exportação.

Demanda, disponibilidade e estresse hídrico
As novas medidas da Pegada Ecológica Hídrica consideram a água sob uma nova perspectiva, a da produção dos bens além da usual ótica do consumo. Esse novo resultado indica a importância da água comercializada sob a forma de commodities.

Por exemplo, uma camiseta de algodão requer 2.900 litros de água para ser produzida, um quilo de cana-de-açúcar requer 1.500 litros e um quilo de carne cerca de 15.500 litros.

Em média, cada pessoa consome 1,24 milhão de litros (aproximadamente metade de uma piscina olímpica) de água por ano, mas isso varia significativamente entre os 2,48 milhões de litros anuais por pessoa nos Estados Unidos e os 619 mil litros anuais por pessoa no Iêmen.

Com relação à Pegada Hídrica por pessoa, cinco dos dez países que têm a maior pegada - Grécia, Itália, Espanha, Portugal e Chipre – estão situados na região do Mediterrâneo, uma área que enfrenta um estresse hídrico cada vez maior.

O impacto da Pegada Hídrica depende inteiramente de onde e quando a água é extraída. O uso da água em uma área em que ela é abundante provavelmente não terá um efeito adverso na sociedade e no meio ambiente. No entanto, em áreas que já experimentam escassez de água, um nível semelhante de uso poderia fazer com que os rios secassem e os ecossistemas fossem destruídos, com a perda da biodiversidade e dos meios de vida associados a eles.

Hoje, cerca de 50 países enfrentam um estresse hídrico em grau moderado ou severo e o número de pessoas que sofrem com a escassez permanente ou sazonal da água deve aumentar em decorrência das mudanças climáticas.

Resposta ao desafio
A boa notícia é que nós temos os meios para reverter essa tendência de redução do crédito ecológico – não é tarde demais para prevenir uma crise ecológica irreversível. Este relatório identifica as áreas-chave onde precisamos alterar nosso estilo de vida e a economia, de forma a corrigir o rumo e assegurar uma trajetória mais sustentável.

Como a escala do desafio impressiona, introduzimos o conceito de “alavanca de sustentabilidade” para atacar o déficit ecológico nos diferentes setores e suas principais causas. Uma análise desse tipo permite isolar os diversos fatores que contribuem para o déficit e propor soluções diferentes para cada um deles.

Para o desafio mais importante de todos – as mudanças climáticas –, o Modelo de Soluções Climáticas da Rede WWF mostra uma gama de “alavancas” eficientes, renováveis e com baixa emissão de carbono que poderiam satisfazer as demandas de energia projetadas para 2050 e reduzir emissões de carbono em 60% a 80%.

O sucesso dessa estratégia exige que os recursos naturais sejam manejados nos termos e na escala da natureza. Isso significa que as decisões setoriais, como no caso da agricultura e da pesca, devem ser tomadas considerando-se as conseqüências ecológicas de forma mais ampla. E também significa que é preciso encontrar formas de manejo que ultrapassem os nossos limites – para além das propriedades e além das fronteiras – para cuidar do ecossistema como um todo.

Não é mais possível ignorar os recursos naturais nos modelos de negócio praticados nas diferentes atividades econômicas. O capital natural é tão importante quanto o financeiro, o humano e o material envolvidos na produção de qualquer bem.

Enquanto o custo de preservá-lo adequadamente não estiver incluído no preço dos produtos, estaremos caminhando rapidamente para exaurir o nosso crédito ecológico.

Passaram-se quase quatro décadas desde que os astronautas da Apollo 8 fotografaram o famoso “Nascer da Terra”, que constituiu a primeira imagem do Planeta Terra. Nas duas gerações que se seguiram, o mundo passou de uma situação de crédito ecológico para déficit ecológico.

A espécie humana possui um histórico notável de engenhosidade e solução de problemas. Agora, o mesmo espírito que levou o homem à lua deve ser empregado para livrar as gerações futuras de um colapso ambiental.

Sobre a Rede WWF
A Rede WWF é uma das maiores e mais respeitadas redes ambientalistas independentes do mundo. Tem quase 5 milhões de associados e atua em mais de 100 países. Sua missão é deter a degradação do meio ambiente natural da Terra e construir um futuro onde os seres humanos possam viver em harmonia com a natureza, conservando a biodiversidade mundial e assegurando o uso sustentável dos recursos naturais, além de promover a redução da poluição e do desperdício do consumo.

Sobre a ZSL
Fundada em 1826, a Sociedade Zoológica de Londres (ZSL) é uma organização científica, de conservação ambiental e educação, sem fins lucrativos. Seu papel chave é na conservação dos animais e seus habitats. A ZSL administra o Zoológico ZSL de Londres e o Zoológico ZSL de Whipsnade, realiza pesquisa científica no Instituto de Zoologia e tem participação ativa no trabalho ambiental de campo em mais de 40 países em todo o mundo. www.zsl.org

Sobre a GFN
A Global Footprint Network promove a economia sustentável por meio da promoção da Pegada Ecológica, um instrumento que permite mensurar a sustentabilidade. Juntamente com seus parceiros, a GFN coordena a pesquisa, desenvolve padrões metodológicos e fornece, aos tomadores de decisão, uma contabilidade robusta dos recursos, para auxiliar a economia humana a operar dentro dos limites ecológicos do Planeta Terra. www.footprintnetwork.org


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FONTE:
Texto: http://www.wwf.org.br/informacoes/especiais/relatorio_planeta_vivo_2008/index.cfm

Imagens:
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEneQQq1a_8u4Jz3nuWeVVj-6I4iYk-WHcq2AjJNTuH_XwAXPsNq4gaWRKqMg0r0hlL7A_vsnIhsU_EHev5zES4sFk7ao0Fc7xaYmuv1043nIIUo2C2vkolHsV1Y9hSlwEw2U7vp1cfOw/s1600-h/9.jpg
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